quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Ex-alunos apontam as dificuldades da produção jornalística para o veículo on-line
Alunos controversos11:35 0 comentários


Por Patrick Rosa e André Heimlich

A necessidade de imprimir grande velocidade à apuração de matérias jornalísticas produzidas para a web e a sobrecarga de trabalho foram abordados na mesa de abertura do Controversas – “Efeitos da integração impresso-online na formação do jornalista”, dia 21 de outubro, no Iacs. Com mediação da professora Sylvia Moretzsohn, os convidados Sérgio Maggi, Rafaella Barros, Lucas Calil e Vinícius Lisboa discutiram a nova dinâmica de trabalho que as ferramentas digitais proporcionaram ao jornalismo. Todos se formaram em Comunicação Social da UFF.

Da esquerda para direita: Rafaella Barros, Sérgio Maggi, a mediadora Sylvia Moretzsohn, Lucas Calil e  Vinícius Lisboa. Crédito: Bernardo Oliveira

A repórter Rafaella Barros, do Extra, disse que a velocidade é uma grande inimiga da qualidade da informação e apontou o crescimento da importância do on-line na dinâmica das redações: “Cada vez mais, nós damos mais atenção ao on-line. Isso exige mais do repórter, que tem que produzir vídeos, áudios, fotos, etc. No entanto, é importante não correr tanto para fazer um bom jornalismo”, afirmou.

Editor de mídias sociais de O Globo, Sérgio Maggi fez uma retrospectiva das mudanças que as novas tecnologias provocaram nas redações. O jornaslista, que ingressou no Globo em 1997, lembrou que, quando começou no jornal, a versão on-line possuía uma redação própria e separada do impresso, e que o periódico demorou a voltar suas atenções para a versão eletrônica. “Havia um ser certo preconceito com quem fazia esse tipo de jornalismo. Tanto que, quando surgia oportunidade no impresso, as pessoas mudavam. Até o salário era menor”, contou.

Alunos prestigiando o evento.  Foto: Bernardo Oliveira

Doutorando em Semiótica na UFF e com passagens pelos jornais Extra O Globo, Lucas Calil também criticou a dinâmica de produção nas redações e o volume de trabalho exigido dos jornalista. Ele contou que pediu demissão depois de trabalhar quase 24 horas seguidas em uma cobertura.

Ele também se ressentia de ter que produzir no di-a-dia matérias sobre celebridades, geradoras de grande audiência. Por outro lado, disse considerar que as grandes reportagens, que permitem maior tempo de apuração e produção ao profissional, ainda rendem espaço e retorno por parte do público. Calil lembrou da reportagem que lhe rendeu o Prêmio Petrobras de Jornalismo – “Re-Legado do Pan”. O material levou dois meses para ser produzido e rendeu tanta audiência quanto algumas das principais matérias que fez sobre celebridades. “A grande reportagem ainda dá audiência. O problema é que tem pouco repórter e o tempo é exíguo”, afirmou Lucas.

Para Vinícius Lisboa, repórter da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), também com passagens por Globo Extra, o jornalista deve procurar se adequar rapidamente às tecnologias. Porém, o mais importante é dominar os conceitos principais do jornalismo. “O mais importante para o jornalista é o domínio do que é básico na profissão, pois as ferramentas eletrônicas mudam muito conforme o veículo”, afirmou.

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