Por
Patrick Rosa e André Heimlich
A
necessidade de imprimir grande velocidade à apuração de matérias
jornalísticas produzidas para a web e a sobrecarga de trabalho foram
abordados na mesa de abertura do Controversas – “Efeitos da
integração impresso-online na formação do jornalista”, dia 21
de outubro, no Iacs. Com mediação da professora Sylvia Moretzsohn,
os convidados Sérgio Maggi, Rafaella Barros, Lucas Calil e Vinícius
Lisboa discutiram a nova dinâmica de trabalho que as ferramentas
digitais proporcionaram ao jornalismo. Todos se formaram em
Comunicação Social da UFF.
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Da esquerda para direita: Rafaella Barros, Sérgio Maggi, a mediadora Sylvia Moretzsohn, Lucas Calil e Vinícius Lisboa. Crédito: Bernardo Oliveira |
A
repórter Rafaella Barros, do Extra, disse
que a velocidade é uma grande inimiga da qualidade da informação e
apontou o crescimento da importância do on-line na dinâmica das
redações: “Cada vez mais, nós damos mais atenção ao on-line.
Isso exige mais do repórter, que tem que produzir vídeos, áudios,
fotos, etc. No entanto, é importante não correr tanto para fazer um
bom jornalismo”, afirmou.
Editor
de mídias sociais de O
Globo,
Sérgio Maggi fez uma retrospectiva das mudanças que as novas
tecnologias provocaram nas redações. O jornaslista, que ingressou
no Globo em
1997, lembrou que, quando começou no jornal, a versão on-line
possuía uma redação própria e separada do impresso, e que o
periódico demorou a voltar suas atenções para a versão
eletrônica. “Havia um ser certo preconceito com quem fazia esse
tipo de jornalismo. Tanto que, quando surgia oportunidade no
impresso, as pessoas mudavam. Até o salário era menor”, contou.
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Alunos prestigiando o evento. Foto: Bernardo Oliveira |
Doutorando
em Semiótica na UFF e com passagens pelos jornais Extra e O
Globo,
Lucas Calil também criticou a dinâmica de produção nas redações
e o volume de trabalho exigido dos jornalista. Ele contou que pediu
demissão depois de trabalhar quase 24 horas seguidas em uma
cobertura.
Ele
também se ressentia de ter que produzir no di-a-dia matérias sobre
celebridades, geradoras de grande audiência. Por outro lado, disse
considerar que as grandes reportagens, que permitem maior tempo de
apuração e produção ao profissional, ainda rendem espaço e
retorno por parte do público. Calil lembrou da reportagem que lhe
rendeu o Prêmio Petrobras de Jornalismo – “Re-Legado do Pan”.
O material levou dois meses para ser produzido e rendeu tanta
audiência quanto algumas das principais matérias que fez sobre
celebridades. “A grande reportagem ainda dá audiência. O problema
é que tem pouco repórter e o tempo é exíguo”, afirmou Lucas.
Para
Vinícius Lisboa, repórter da Empresa Brasileira de Comunicação
(EBC), também com passagens por Globo e Extra,
o jornalista deve procurar se adequar rapidamente às tecnologias.
Porém, o mais importante é dominar os conceitos principais do
jornalismo. “O mais importante para o jornalista é o domínio do
que é básico na profissão, pois as ferramentas eletrônicas mudam
muito conforme o veículo”, afirmou.